segunda-feira, 7 de fevereiro de 2011

por Marte

Marte diz "os amores sempre mataram minha vida social"
E dado os objetivos não deveria ser assim. Porém, cada novo descobrimento de detalhes belos nos seres amados re-despertavam impulsos que já iam se consumindo. A última descoberta havia sido de traços grego-romanos no rosto de um antes desconhecido. Que agora era sua nova paixão.
O rosto não era perfeito, idealizado, platônico como as esculturas gregas, mas duro e forte como o dos romanos. Os traços elegantes e bem talhados (não foram feitos por algum descendente de Policleto...) exibiam o carater sagaz.
Onde havia pousado o olhar antes que não o havia visto por aí?
A cidade turbulenta silenciava ante aquela estranha beleza. O amor despertado era antes o amor pela beleza do que pelo objeto amado em si (porém não sabia, notou isso após uma reflexão).
A revelação foi simples e o fim, esperado. Sair, beber, fumar, dançar e exaurir os fins a que (pretensamente) a beleza aspirava. Era o fim em si que o atormentou. A forma com que tudo se resolveu: rápido, fugaz e sem maiores objeções. Por que não houve resistência a ele por parte da Perfeição em arrebatá-la?
De qualquer forma, a havia possuído e sobre a sua perfeição pairava a marca de Marte.
E dizia "não quero amores que me prendam... em cada novo corpo existe um detalhe que não vi antes... quero desvendar todos os mistérios"
O suor de Vênus, o calor de Vulcano, o divino Apolo... todos extremamente perfeitos em suas imperfeições eram dele e de quem se atrevesse a ver beleza na estranheza.

Chorava Apolo após beber em uma festa o seu amor desprezado por Marte.
Lamentava Vênus a falta de caráter e a futilidade marciana.
Vulcano forjava uma adaga para a vingança dos três contra o usurpador de corações.

Marte dizia para si "estou certo."

Um comentário:

Anônimo disse...

Ah!, o amor: só ele é capaz de fazer (até) os deuses chorarem.