terça-feira, 23 de agosto de 2011

sinto

é mais fácil não sentir nada.
é simples, fácil, limpo.
só que eu não sei ser assim.
eu sinto.
e isso é porque vivo. não tenho vergonha em admitir. não tenho porque não admitir.
dizer que sinto, e muito, é confessar que sou humano.
que a palavra me dita grosseiramente me dói quando vem de quem eu não queria a ouvir assim.
é dizer que dói gostar e não ser correspondido.
é admitir que sou de carne e não de ferro.
não sentir seria mais fácil. mas sinto muito, sou só humano ainda.
não fui feito pra insipidez. prefiro o tempero.
posso crer que as pessoas não sejam lá grande coisa... mas quem disse que sou muito diferente?
e, de mais a mais, por mais que creia nisso, ainda prefiro amá-las. ser ou não correspondido é um detalhe. o amor sempre foi um sentimento solitário (como, aliás, são todos os demais...).
por isso sinto: porque sou humano.
não sentir é mais fácil e eu prefiro o mais difícil.
sinto muito...

quinta-feira, 18 de agosto de 2011

paisagens carcomidas por lembranças de noite ébrias. assim me pareciam os dias antigos que se perdiam na confusão de pensamentos novos que surgiam como a tua vinda.
a cidade perdera o chão naquela época de paz armada. era uma pax romana esperando pra irromper em notas agudas de clarins furiosos, vorazes de sangue.
o verão ainda ventava pelos parques e lagos da cidade, que em obtusas ruelas estrangulava o coração machucado pelo silêncio, apertado pelos olhares reprovadores...
por fim, quando deflagrada a derradeira batalha as armas foram depostas (pelo cansaço) e a paz do amor pôde triunfar.
coroados de louros, sob o pálio da noite, dançamos sob os arcos de Constantino.
... e o meu corpo de mil fibras feito, cordas, a espera de teus dedos, martelos, que farão elas vibrarem. explodiremos em uma sinfonia de paixão, só a paixão da carne, não amor...