sábado, 24 de novembro de 2012

sagração

atravessando o teu deserto,
abaixo de teus abismos jazem olhos pretos como o sem fim do universo,
perdido ando neles como ando na luz da manhã morna de abril,
e assistindo as supernovas colapsarem e estrelas brotarem
na íris cor de breu,
penso em ser Rei de um país longinquo,
que confina com tuas espáduas,
e desce ao sul, até o início de tuas axilas,
e que tem os pelos mais finos e luzidios,
mais perfumados e a terra mais macia.
e a coroação, num momento de nudez,
seria em um dia de maio,
naqueles dias em que os jasmineiros se aviltam,
e que nossa pele freme,
e um beijo selaria o meu Domínio.
juraria defender-te dos ventos do sul,
e te amaria quando descesse o norte às nossas peles,
e nos campos de trigo te deitaria,
e como Rei, me ungirias a face com azeite de oliva,
com os dedos mais expressivos,
e com os olhos mais profundos,
olhando do fundo do meu Reino,
do qual seria eternamente servo e senhor,
me ungirias.