segunda-feira, 24 de setembro de 2012

à espera

por que teus olhos estão ausentes do meu setembro? queria-os para me abraçarem com a luz das manhãs ainda frias, em que necessito de cobertores e cheiros de cabelos desgrenhados.
andando pelos passeios, senti o café no ar e as pessoas rindo após o almoço. te procurei e o que encontrava eram olhares sem o mesmo calor dos teus olhos.
é o mistério das maduras manhãs de setembro nessa cidade levantada à beira da água. é o vento frio com o perfume da primavera que traz lembranças de peles agrestes, de tons pastéis... são eles que me deixam saudoso.
como tuas mãos, os galhos das árvores em brotação, com verdes tão claros e reluzentes, acariciam meus cabelos ao andar por entre elas... sinto o som da rua em redor e tudo parece uma doce música. penso em haver escutado tua voz ao longe pedindo que eu te espere, ali no passeio mirando a banca de revistas.
nessa época as pessoas não percebem, mas se tornam mais suscetíveis aos sentimentos agridoces, à doce solidão da espera...
não sou eu, é o mundo.
o cais é convidativo ao abandono do acaso. caminhar lentamente, sentindo o vento frio e o sol quente traz paz e paciência.
a espera (também) nos torna sábios.

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