terça-feira, 19 de julho de 2011

uma dosagem muito alta de qualquer produto pode intoxicar.
uma dosagem alta de químicos pode me matar antes de consumir minha consciência que ainda está em você.
eu havia dado todas as pistas de que o hedonismo era nossa saída.
ou você acha que nos apaixonaríamos?
prazer! prazer. prazer...
era pra ser apenas música pop e quisemos que se transformasse em erudita. impossível! impossível!
desde quando a luxúria se traveste em amor?
a química do prazer nos intoxicou e nos fez crer possível esse sentimento.
ahh que tristeza. mas sei que isso é abstinência, como se estivesse em desdrogadição.
nos cheiramos? nos fumamos? nos bebemos... nos comemos... nos mastigamos...
no fim sobra a dor da mordida, a dor do hedonismo.
o vão da crença e a alegria da liberdade.

segunda-feira, 18 de julho de 2011

andava sentindo o som quadrado do mundo ao redor. e tudo penetrava tão fundo na carne: o medo, a alegria, a música, a luz, as pessoas... e era uma dor tão profunda e tão boa que se deixava morrer, como se estivesse se dissolvendo em um espaço atemporal.
a cabeça girando não era em cidade alguma. não era em dia nem em noite. apenas esvaía a matéria.
o amor, etéreo, se mostrava feroz e despedaçava a carne. as mordidas se estendiam pelos dedos, percorriam os peitos e os frêmitos sonoros, agudos, relampejavam pelo ar frio de um lugar duro.
a boca enchia-se de saliva e os odores entravam pelas roupas que se desprendiam rasgadas do corpo. era estranha a sinfônia de movimentos e era insabida a alegria do segundo próximo...
sabia onde tudo resultaria. a dor. a alegria. o prazer e o beijo. a cama sozinha dizia do frio que passou.
as alucinações sempre eram reais contigo.

quinta-feira, 14 de julho de 2011

ainda tens o sabre que ganhaste?
vamos! vamos! aponta em direção ao continente!
vamos conquistar a terra!
pega também aquelas fotos do baú,
vamos fazer de barco as memórias nelas...
grita 'terra à vista!'...
vamos à proa, subamos à gávea...
desfraldemos as velas... mais rápido, mais rápido!
precisamos chegar ao nosso futuro!
precisamos das nossas fotos,
das nossas armas de saudosismo,
grita que a terra é nossa!
tenhamos ganas de pisá-la!
aponta também o nariz aquilino naquela direção!
aponta o dedo, em riste, e tracemos os contornos dos montes!
vamos que agora a terra é nossa!
onde está o teu sabre?
onde estão as tuas fotos?
onde estás tu?