sexta-feira, 18 de fevereiro de 2011

outros

quando eu tinha os meus dedos entre os teus cabelos parecia que não havia mais nada com que eu me importar... quando estávamos juntos em alguma festa e nossos corpos deslizavam pela música, com volúpia e calor, nossas roupas grudadas em nossas peles, nada parecia importar.
o gosto do fumo da minha boca era o mesmo da tua e o suor de nossos rostos lembravam horas perdidas em meio a agitação noturna das paixões violentas. eu não lhe havia dito, mas haviam outros, embora você fosse o meu preferido. os outros sabiam da minha predileção, mas você não (nem dela e nem deles). e quando nos viam juntos percebiam o quanto éramos um para o outro...
mas uma noite, na agonia da madrugada, quando a música já havia nos cansado decidimos que cada um devia seguir para um lado oposto já que juntos não estávamos indo a lugar algum (acredito que cansou, como da música)...
você foi embora, sozinho.
eu chamei outro e continuei seguindo a minha direção.

segunda-feira, 7 de fevereiro de 2011

por Marte

Marte diz "os amores sempre mataram minha vida social"
E dado os objetivos não deveria ser assim. Porém, cada novo descobrimento de detalhes belos nos seres amados re-despertavam impulsos que já iam se consumindo. A última descoberta havia sido de traços grego-romanos no rosto de um antes desconhecido. Que agora era sua nova paixão.
O rosto não era perfeito, idealizado, platônico como as esculturas gregas, mas duro e forte como o dos romanos. Os traços elegantes e bem talhados (não foram feitos por algum descendente de Policleto...) exibiam o carater sagaz.
Onde havia pousado o olhar antes que não o havia visto por aí?
A cidade turbulenta silenciava ante aquela estranha beleza. O amor despertado era antes o amor pela beleza do que pelo objeto amado em si (porém não sabia, notou isso após uma reflexão).
A revelação foi simples e o fim, esperado. Sair, beber, fumar, dançar e exaurir os fins a que (pretensamente) a beleza aspirava. Era o fim em si que o atormentou. A forma com que tudo se resolveu: rápido, fugaz e sem maiores objeções. Por que não houve resistência a ele por parte da Perfeição em arrebatá-la?
De qualquer forma, a havia possuído e sobre a sua perfeição pairava a marca de Marte.
E dizia "não quero amores que me prendam... em cada novo corpo existe um detalhe que não vi antes... quero desvendar todos os mistérios"
O suor de Vênus, o calor de Vulcano, o divino Apolo... todos extremamente perfeitos em suas imperfeições eram dele e de quem se atrevesse a ver beleza na estranheza.

Chorava Apolo após beber em uma festa o seu amor desprezado por Marte.
Lamentava Vênus a falta de caráter e a futilidade marciana.
Vulcano forjava uma adaga para a vingança dos três contra o usurpador de corações.

Marte dizia para si "estou certo."