terça-feira, 24 de maio de 2011

cidades desertas

querido,

e se for tudo agora? nada depois. cada segundo do que fazemos, cada verdade que aceitamos, forçadamente ou não. cada mágoa e ferimento que deixamos no outro, se só isso você deixar? e se for só isso?
a vida como uma música eterna, um riff eterno de guitarra, uma ária sem fim, épica, romântica, dramática. tudo agora.
será que valeria a pena não se arriscar em caminhos incertos? e toda a energia desperdiçada em repressar rios, em conter lágrimas, em desviar de dores... tudo em vão?
não seria adequado encher os copos até a borda e fazê-los trans-bordar? rebentar as repressas? soltar os risos.
em respeito ao universo que há em nós, em defesa dos átomos que participaram do Big Bang, explodir de emoção deveria ser a regra. a energia do Cosmos habita na batida de nossos corações, desliza em nossas peles, faz brilhar meus olhos quando digo o teu nome.
me deixe explodir de amor por você. será só nessa vida, porque é só essa que temos pra nos amar imensuravelmente. não há outro universo, não há outra vida e não há muito tempo...
nem que seja por um bilionésimo de segundo, ainda assim seria amor. uma noite, um dia, uma hora... estaria gravado na eternidade do tempo, em todas as direções do espaço, em todos os outros beijos que eu desse - em mim.
...
temos pouco tempo pra nos ver. a cidade não nos deixa amar por muito tempo. estamos sempre correndo em direções opostas, tentando segurar as mãos um do outro e o que conseguimos é um mero toque...
acho que nossa intenção é boa: gostaríamos de um amor, no entanto o máximo que conseguimos é um beijo e um 'até logo'.
estamos ocupados demais conosco mesmo. nos amamos muito pouco ainda pra poder compartilhar algo que precisa sair de nossos corações vazios.
o que podemos fazer? somos apenas e muito humanos.
desprovidos de deuses.
desprovidos de crenças.
desprovidos de nós mesmos.
dançamos uma longa dança com nossa sombra.
...
me deixe amar por mais um segundo. logo terei que ir.
mas agora (e ainda) é amor.

Um comentário:

deliziardi disse...

Adorei..Somos guiados pelo relógio, e muitas vezes deixamos de viver, de encontrar as pessoas q amamos. E ficamos nesse vazio.